Quantas vezes apertamos o botão do “
não estou nem aí” (para não dizer o foda-se) e falamos que não vamos nos matar
para fazermos parte do “ padrão imposto pela sociedade”, ou que as pessoas tem que nos aceitar do jeito que somos e vem seguido de um falso empoderamento : eu me amo gordinha. Mas você
realmente esta feliz, você se ama como está?
Olha comigo isso não rolou, tentei me
esconder atrás desses discursos e escudos, mas eu sempre fui muito sincera
comigo mesma.
Como alguém pode se sentir feliz em
ir em uma loja, fechar os olhos e ir diretamente na sessão plus size? Não entrar em lojas sem ser de
departamento para procurar modelos grandes? Como se contentar com cortes e estampas
feias das roupas baratas plus size, já que as lojas especializadas são caras.
Não é usar o tomara que caia e sim o tomara que sirva, levar o que serviu , não
importa se gostou ou não.
E quando você esta em uma loja e se
encanta com peças de roupas e descobre que você esta na seção de gestante?
Como é ficar com medo de sentar em
cadeiras plásticas e quebrá-las?
E o primeiro dia na academia que parece
que é uma balada, todos com corpo definido e parece que é só você que realmente
precisa de uma academia.
Como é sentir medo de entrar em um
ônibus , aflita com medo de travar na catraca e passar vergonha? Ou ter que se
apertar no banco para caber outra pessoa sentada do seu lado, e quando alguém
senta do seu lado você se sente um gigante ou um monstro com aquela pessoa
miudinha do seu lado.
Como é você estar atrasada, vir aquele trem lotado e você ver que naquele espacinho vazio você não cabe, aí vem outra pessoa linda e magra e entra numa boa, aí tem que esperar vários trens para tentar entrar.
Como é você estar atrasada, vir aquele trem lotado e você ver que naquele espacinho vazio você não cabe, aí vem outra pessoa linda e magra e entra numa boa, aí tem que esperar vários trens para tentar entrar.
Como é se sentir parecendo que as pessoas estão fazendo um favor de sair
com você? E quando você esta em um relacionamento e fica com medo que a pessoa
que esta com você seja zoada por estar em relacionamento com um obeso. Ou
aceitar qualquer pessoa ou situação , se contentando com o que tem pois acha
que ninguém ficaria mais com você?
Ah, e ir na praia, zilhões de pessoas
podem falar para você que ninguém esta nem aí se você esta fora de forma e
apontar até pessoas mais obesas com você e com biquíni, mas não adianta,
porque você não se sente bem consigo mesma de biquíni, não são eles, é você.
Aí vem aquela pessoa linda e magra e
diz: magina! Você tem que viver sua vida, danem-se os outros.. aham..
Enfim, tudo isso aconteceu comigo...
pode existir gente que realmente não se importa com tudo isso, mas eu me importava, o problema
era eu comigo mesma. Mesmo que a moda fosse ser obesa, eu não me sentiria bem,
pois a obesidade me impedia de fazer e ter experiências para mim, um impedimento
que eu fazia comigo mesmo fisicamente e pisicologicamente.
Juro que tentei escrever as minhas
dificuldades com humor, mas infelizmente lembrar os sentimentos que passei foi
muito triste, só quem vive essas dificuldades, os preconceitos... uma coisa é estar acima 5 ou 10 kilos acima, agora 40
kilos ou mais a dificuldade é muito grande, o preconceito então é tão grande que a gente começa a se odiar.. meu é um sentimento inexplicável...
Para lidar um pouco mais com as
dificuldades e preconceito, vesti o personagem que muitos fazem quando estão
obesos e querem ser “ aceitos”, o ser engraçado. Essa foi uma das minhas atitudes que comentei
quando fui para a minha primeira faculdade no qual consegui criar um grupo,
virei cara de pau, era engraçada, bom tudo da boca pra fora... mas você
acostuma.
Com o passar do tempo você vai
aprendendo a se defender de todos e principalmente de você mesmo., pois o que importa é você, você tem que ouvir suas próprias cobranças e não a dos outros. è como já disse que gosta de você vai lhe ajudar com palavra e principalmente com atitudes de apoio e não lhe sabotar ou apontar o dedo.